sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Como diria Nação... Viva ZUMBI!


Hoje, no dia da consciência negra, escrevo sobre minha raça. Primeiramente, sobre minha vida.
Sou um exemplo de  mistureba haha, meu pai é negro (cabelo crespo, lábios grossos, nariz amassado) e sua família toda é negra e baiana. Minha mãe (já falecida), era branca (loira, olhos verdes, nariz afilado), sua família toda é da paraibana e branca.

Quando pequena uma mulher (negra), conhecida de minha mãe ao vê-la comigo nos braços falou: Tá vendo, você branca carregando uma negrinha nos braços.
Minha mãe respondeu: Deixe, pois é minha negrinha.

Quando minha mãe contou isso em minha adolescência, comecei a pensar em que mundo essas pessoas têm vivido.

Quem ainda não percebeu que todas as espécies tem suas variações? Até a manga tem. Quem nunca viu manda espada e manga rosa? Alguma deixou de ser manga? Não!
Quem nunca viu o caju vermelho e o caju amarelo? Deixou de ser caju? Não!

Fico pensando o quanto as pessoas têm se atado ao passado de forma a ignorar o que é comprovado até geneticamente, que todos somos iguais.

Como dizia em uma música de Catedral: Somos todos iguais. Na chegada e na partida, encontro e despedida, na jornada pela vida, sem saber.

Ainda torço por um mundo em que todos ouvirão aquele que veio há mais de 2000 anos e farão o que ele pediu. E não é uma coisa difícil.
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.”
João 15:12

Pois quem ama respeita.

O negro sofreu e ainda sofre às sombras do passado em que ele era tratado como propriedade. Mas olhemos bem... no Brasil, a escravidão foi abolida em 1888.
Façam as contas comigo... 2015 – 1888 = 127 anos.

São 127 anos e eu ainda sou obrigada a ouvir frases como essas abaixo:
- Por que você não alisa seu cabelo?
- Você não é negra. Sua pele é clara.
Claro, já meu nariz e eu cabelo são iguais aos dos europeus – sinta a ironia.

Não sou contra quem alisa o cabelo (Jamais serei), acho que as pessoas devem fazer o que querem com seu cabelo. Que o usem como acharem melhor, desde que se sintam bem e sejam felizes com isso.

Embora terem passado pelo que passaram, conseguiram subir. Agradeço aos grandes líderes negros que foi por causa deles que todos estamos aqui.
Agradeço pelos quilombos criados que não deixaram que a cultura se perdesse mesmo estando tão longe de seu país.
Agradeço pela música, pela dança, pela comida...
Agradeço pelo meus caracteres, minha cor, meu nariz, meus olhos e meus cabelos não seriam os mesmos sem vocês.

Agradeço por serem quem são, pois sou quem sou graças a vocês.

É isso.

Obrigada!

Música do título: Monólogo Ao Pé Do Ouvido (O som ta um pouco abafado)
Música de Catedral: Somos todos iguais.

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